Micro(nano)plásticos: Uma ameaça silenciosa à saúde?

Ciências

Os micro(nano)plásticos (MNPs) têm se tornado um problema ambiental crescente, com consequências profundas para a saúde humana. Pequenas partículas de plástico, menores que 5 mm (microplásticos) ou até 1 μm (nanoplásticos), estão presentes em uma variedade de fontes que consumimos diariamente, como água, alimentos, ar e até mesmo produtos de higiene pessoal. Com a crescente produção de plásticos e a expansão do consumo de produtos descartáveis, o risco de contaminação por MNPs tem aumentado exponencialmente, e sua presença no corpo humano já é uma realidade preocupante.

Onde Encontramos os Micro(nano)plásticos?

Esses plásticos microscópicos estão presentes em diversos meios que fazem parte do nosso cotidiano. Pesquisas mostram que MNPs podem ser encontrados em frutos do mar, sal, frutas, vegetais, bebidas e até no ar que respiramos. Eles entram em nosso corpo principalmente por ingestão, inalação ou contato dérmico, colocando em risco nossa saúde. Estima-se que os seres humanos consumam entre 0,1 e 5 gramas de MNPs por semana, um número alarmante considerando o impacto potencial desses materiais no organismo.

Impactos nos Sistemas Orgânicos

Estudos revelam que os MNPs não ficam apenas no ambiente. Eles são absorvidos pelos órgãos humanos, afetando sistemas como o respiratório, digestivo, reprodutor e até mesmo o sistema nervoso. Eles foram detectados em diversos tecidos humanos, como pulmões, intestinos, sangue e até na placenta. Sua presença tem sido associada a várias doenças, como doenças inflamatórias intestinais, aterosclerose, trombose e até câncer cervical.

Além disso, MNPs têm o potencial de atravessar a barreira hematoencefálica e o eixo intestino-cérebro, o que pode contribuir para doenças neurodegenerativas. A exposição prolongada pode induzir estresse oxidativo, respostas inflamatórias, genotoxicidade e até apoptose (morte celular programada), com possíveis efeitos devastadores a longo prazo.

Como Detectamos os Micro(nano)plásticos no Corpo Humano?

A detecção de MNPs em tecidos humanos é um desafio, mas vários métodos científicos têm sido empregados, como microscopia, espectroscopia de infravermelho por transformada de Fourier (FTIR) e espectroscopia Raman. Estes métodos ajudam a identificar e analisar as partículas de plástico, fornecendo informações cruciais sobre sua forma, tamanho e composição, além de possibilitar a detecção dessas substâncias em fluidos corporais, como o escarro, fluído broncoalveolar e fezes.

Riscos Potenciais e Urgência de Ação

O impacto potencial dos MNPs na saúde humana é um assunto que exige atenção urgente. A relação entre a presença dessas partículas e o desenvolvimento de doenças graves é cada vez mais clara. No entanto, ainda há muitas lacunas no entendimento completo dos mecanismos envolvidos. São necessárias mais pesquisas, incluindo estudos epidemiológicos e experimentos de monitoramento, para mapear com precisão os riscos e desenvolver estratégias de mitigação adequadas.

A conscientização sobre o problema dos micro(nano)plásticos é essencial para impulsionar ações em nível global, não apenas para reduzir a produção de plásticos descartáveis, mas também para melhorar a detecção e avaliação dos riscos à saúde humana. Só assim poderemos prevenir futuros danos à nossa saúde e ao meio ambiente.

Fonte: Luo, Y., Xu, X., Yin, Q., Liu, S., Xing, M., Jin, X., Shu, L., Jiang, Z., Cai, Y., Ouyang, D., Luo, Y., & Zhang, H. (2024). Mapping micro(nano)plastics in various organ systems: Their emerging links to human diseases. Trends in Analytical Chemistry, 118114. https://doi.org/10.1016/j.trac.2024.118114

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